INSTALAÇÕES

domingo, 25 de novembro de 2012

ONÍRICO



ONÍRICO 

Solidão trancada,
Alma alegre, aura iluminada,
Espíritos em comunhão de luz,
Em noite de magia
Fizeram horas douradas de
Suas vidas...

Sem mazelas o corpo bebeu...
O néctar da juventude que
Mora na fonte d'alma...
Espargindo cântaros de felicidade!

Os costumes pingavam alegria...
Em grande cumplicidade...
Efêmero bailava com perene...
Onírico se confundia com o real...

Chegada a hora da carruagem...
A abóbora!...Os ratos!...Os trapos!...
A realidade... Mazelas?

(Miguel Veiga)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

IMAGEM MAGNÉTICA



IMAGEM MAGNÉTICA

Com os rumores da passagem da carruagem de Apolo,
Zéfiro sopra nuvens rompendo caminhos...
Aquele que traz a beleza na aura e a sabedoria na alma,
Transforma adversidades em flores perfumadas,
Saudando a sua passagem.

Surgindo como se fizesses parte do divino cortejo,
A silhueta recorta o céu intimidando os mortais,
Com audácia dos Deuses a presença se impõe,
Lançando a visão por cima da estrutura material
Faz-nos tremer frente ao desconhecido.

A aura de encantamento nos invade ou ameaça,
Deixando as intimidades sem resistência lançando-as ao chão,
Rompante de cavaleiros medievais emprestados a Narciso,
Juntos na elegância, mistério e voo do Pégasus,
Faz nó na garganta e sufoca a razão!

Armadura, elmo e escudo no chão,
A fantasia aflora na imagem de D. Quixote sem Sancho Pança,
Impelindo-nos a construção da fantasia ou alucinação,
Será receio ou medo de tão forte aparição,
Ou dos efeitos sobre as blindagens da razão?
(Miguel Veiga)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A ESPERA






A ESPERA
Várias vezes te esperei em vão,
O 15 de abril te trarias a São Luís e aos meus braços,
Tudo ilusão!
Tão pouco tempo, poucas verdades...
A mídia, oráculo tecnológico traz decepção...
A pizza com o preferido!
Edredom o consolo para coração sofrido...
Rosário dos aniversários efêmeros...
Transforma o sábado dos Deuses, purgatório da paixão! 
Esquecido por outras fantasias,
Me sobra a culpa da tua ausência,
Transformada em adjetivos me faz cautela até no falar.
Minhas palavras e cuidados sobraram não quero com elas amolar,
Te amarei de longe para não te magoar...
Não tenho mais senso e percepção um dia me dissestes...
Perdoe-me, só quis amar...
Miguel Veiga

AMOR E RAZÃO
















AMOR E RAZÃO
Lá no infinito...
Em algum lugar da memória...
A certeza de ter amado e ter esperado o amor...
Me conforta,
Pois fui feliz na ilusão!

A verdade me joga de volta a razão...
A lucidez querendo que eu viva,
Me impele a paixão...
No mundo onírico do amor!

Amar é sonhar e...
Viver é paixão?
Para fluir o amor,
A lucidez sufoca a razão?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

PERFIL HIPINÓTICO



PERFIL HIPINÓTICO 
Bela, energética, mágica,
Encanta mais que desencanta,
Este rompimento em céu aberto
Nos salta aos olhos o perfil da cidade,
Banhado pelas águas do mar
Dourado pela luz do sol,
Preparado para nos encantar,
A atmosfera apolínea nos deixa em êxtase,
Quase sem respirar!

domingo, 2 de setembro de 2012

POESIA POVERA



POESIA POVERA

O Ocaso ou crepúsculo,
Término ou fim,
De novela, ou filme?
Da vida real, de um ciclo.
Não é ficção ou montagem
É a realidade!
Após crepúsculo vêm a noite,
O brilho das estrelas e a luz da lua,
Consolam a falta do dia que partiu,
Ficando a promessa de um novo dia!
400 anos de início,
De uma ilha encantada,
 Magia para os viajantes, lucro para comerciantes,
O Brasil começa no Maranhão!
400 anos de ocaso de um ciclo,
O que consola é a esperança do novo,
A serpente encantada traz consigo o enigma da transformação,
A economia já traçou um novo perfil, que brota surgindo do mar,
Como na lenda, surge uma nova cidade!
E a cidade velha aos poucos desmorona em cacos de história,
A Serpente e o Touro encantados são filhos do monstro economia,
Criados e alimentados na magia da pobreza amenizando suas mazelas.
Descaso gera acaso
Transformando miséria em riqueza, em magia paradoxal,
A arte tira dos escombros de São Luís, poesia e imagem,
Construindo este “Consolo Povera”!
(Miguel Veiga)

domingo, 26 de agosto de 2012

PELOURINHO NOSSO DE CADA DIA


Foto do Largo do Carmo - Livro do Centenário da
Academia Maranhense de Letras - 2009
No Largo do Carmo existiu o pelourinho, “uma coluna de mármore, alta de uns doze metros, trabalhada em feixes espiralados e partidos da base quadrilonga até ao capitel. Sobre este se encontrava o aparelho punitivo” onde os negros eram punidos e expostos aos que passavam como presenciados por Odorico Mendes. 
Segundo Antonio Henriques Leal (1828-1885), foi esse pelourinho (no supliciamento de um jovem escravo), o mote inspirador do primeiro soneto do nosso helenista Odorico Mendes (1799-1864), quando ainda adolescente (aos 16 anos). 

Primeiro soneto do nosso helenista Odorico Mendes (1799-1864)
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Despido, em praça pública, amarrado 
Jaz o mísero escravo delinquente,
Negro gigante de ânimo inclemente.
Na mão tem o azorrague levantado.
 A rir em torno, um bando encarniçado
 Ao verdugo promete um bom presente, 
Se com o braço mais duro ao padecente
Rasgando for o corpo ensanguentado.
 Homens, não vos assiste a menor pena 
Dos sentidos seus ais, d’angústia sua?
 Rides, perversos, desta horrível cena!…
 A sua obrigação, oh gente crua,
 Faz o reto juiz quando condena;
 Tu, deplorando o réu, cumpres a tua.

Fonte: blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea


PELOURINHO NOSSO DE CADA DIA
Hoje os pelourinhos ainda existem,
De maneira conceitual, alguns invisíveis e outros não,
São discriminações com os negros, índios, pobres, homossexuais, etc...
A desigualdade econômica que nos castigam diariamente,
Através da violência dos assaltos, mortes e impunidade.
O Pelourinho, herança de uma sociedade,
Capitalista, escravagista, preconceituosa,
Invisível aos olhos, sensível a pele e a alma...
Memória inesquecível para quem quer comemorar 400 anos,
Além das belezas dos portais e ornatos de porcelanas importadas.
Celebremos também a história que vai além dos valores arquitetônicos,
Que é a de um povo resistente,
Involuntário na pobreza, ingênuo no senso comum, 
Acalenta sua dor na louvação de uma ilha,
Onde a esperança de dias melhores brota de encantarias,
A magia é mantida pela ingenuidade, 
E na humildade do senso comum,
A liberdade é poder sonhar!

sábado, 25 de agosto de 2012

"DIGA MEU BEM!"



"DIGA MEU  BEM!"
Imagem do paradoxo social
Sociedade que discrimina quem não tem
A pobreza torna-se vergonha daqueles que a tem,
Mais do que a pilhéria do capital, grita o social!
Em céu aberto o shopping da disparidade,
O rosto esperançoso estampa o sorriso 
E pelos lábios rachados e falhos dentes
Escapa "Diga meu bem"!

AMBIGUIDADE








Janela de prédio colonial na Rua Godofredo Viana
esquina com Rua da Paz



AMBIGUIDADE
O Tempo passa e leva consigo a história não cultivada, 
A fotografia ajuda a lembrança quando a memória falha,
A janela espelha a realidade escondida por falsos valores,
A roda da fortuna deixa marcas do fausto em realidades díspares!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MEMÓRIAS


MEMÓRIAS  
O Tempo passa e leva consigo a história não cultivada 
A fotografia ajuda a lembrança quando a memória falha
A roda da fortuna deixa marcas do fausto em realidades díspares 
Traçando ácido paradoxo econômico
Que ficará registrado pelos contrastes sociais
Ocultos pela história capital do vencedor!


domingo, 12 de agosto de 2012



SAUDADES

Em mim a preguiça do rio
Desliza caudalosamente
Desfazendo dunas oníricas,
Apertando o nó da garganta lentamente!

A voadeira bate o rosto em tapas de brisas,
Sacudindo na mente a saudade que insiste em ficar,
O sol derramado sobre a água lembra Munch,
Num grito infinito como a água que corre para o mar!

Agora a noite cobre o devaneio
Acalentando com seu manto
A lágrima sufocada que não veio
Transformando o amor em soluços,
Quase um pranto!

Restou a saudade de algo, sem nome, efêmero.
Talvez o voo acima da solidão,
Buscando felicidade!
Sobrou o vazio inexplicável,
Fruto do abismo da incerteza do amar e a ilusão.

(Miguel Veiga)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O TEMPO



O TEMPO – Miguel Veiga
O tempo resseca a pele brotando rugas no lugar do viço,
Do passado apenas a memória que ao poucos desbotam como as fotos antigas...
Os brilhos nos olhos lentamente apagam como a aurora...

Felicidades são sopros vindos com a generosidade de Zéfiro de algum oeste da memória...
A riqueza transforma-se em lembranças vividas, choradas em lágrimas de sal...
O abandono é fruto do descaso com a memória,
 Deixando feridas sangrando em poeiras de cal!

Nos becos, esquinas silenciosas que caem aos pedaços de uma riqueza distante,
No paradoxo surreal a cidade agora se assemelha aos filhos
Pobres e esquecidos tomam conta do presente na realidade ambígua...
De miséria, esquecimento, sangue e cal!

quarta-feira, 25 de julho de 2012



ACALANTOS PARA ABANDONOS  (Miguel Veiga)

Estes versos expressam
O desprezo de alguém
Que foi embora com outro,
Deixando-me no passado sem ninguém!

Sozinho, juntar a areia solta...
Dos lindos castelos da paixão...
Escorrendo por entre os dedos,
Agora, desfeitos no chão...

O tempo remodela o corpo e a alma,
Talvez a paixão,
Sentir-me vivo é algo que acalma,
Resgatando-me do chão

As grandes paixões agora já distantes
São peças do imaginário de um romântico.
Agora cauteloso, não mais como as estrelas errantes,
Faço versos de amor como se fosse meu cântico.

Quando apaixonado, busquei as estrelas do céu,
Queria forrar com brilho todo teu chão.
Busquei-te em vão, sozinho fiquei ao léu,
Em outros braços trocastes estrelas por pirão!

domingo, 10 de junho de 2012

São Luís "Senhora de 400 anos"





Sacadas da Memória

Nas fachadas caem os pedaços...
De história e memória.
Do passado só o orgulho...
Que lentamente escorre pelos becos!

Das sacadas saltam golfadas verdes...
De umbaubeiras no lugar dos homens...
Delas, também as estrelas...
 Que escapam inversas aos olhos.

O telhado é um recorte de céu, surreal...
Orgulho transformado em dor...
A identidade escorrida nos reflexos do novo...
As lágrimas saltam pelo abandono...

No asilo do descaso, a agonia da morte...
É a certeza que a cidade tem.

                              Miguel Veiga

domingo, 3 de junho de 2012

VÍCIO E PAIXÃO


        



 VÍCIO E PAIXÃO (Miguel Veiga)


Conheci-te em um lugar do mundo,
A beleza morena na noite, um toque profundo!
Recluso na mesa, o vinho era companheiro,
Lembranças... Na camisa, um letreiro!

O encontro, o mistério, o anonimato,
O rumo, um endereço, a família, a viagem!
O Rio, a beleza do riso é fato,
Que encanta, é verdade não miragem!

O hálito com frescor de fruta,
Emoldura o calor da sedução, contra o desejo, a luta!
Em meu ser, a razão duela com a paixão,
Não querer ninguém era minha proteção!

Tua beleza disputava com o Rio,
E eu com ele, a tua atenção!
O egoísmo vencido, o ciúme na mão,
Tu eras a paisagem do coração!

Na festa de aniversário, a cobiça da carne,
No mundo pequeno, o vazio arde!
Foges com a oportunidade, sem dar atenção,
A dor do abandono, a primeira decepção!

A busca pelo porto seguro te traz de volta,
Indefeso no seu orgulho era só revolta!
Abandonado por tuas sombras,
Do amor trazias só ressaca e lombras!

Acolhi-te de orgulho ferido, como qualquer amante faz,
Fui pai, mãe, anjo da guarda e patrão!
Olhando para frente apagando o que ficou pra trás,
Começava ali outra luta a da reconstrução!

Como arqueólogo que busca o fóssil perdido,
Encontrei marcas profundas de um sonho fugido!
Fui atrás das virtudes, não sei se construídas,
Desviadas por aventuras antes vividas!

Sonho que se desfez como sombra na fumaça,
Prazer, vício mentira... Tudo se embaraça!
Marcando o homem, o menino jogador,
Para quem tenta ajudar só desgosto e dor!
  
Hoje a beleza é uma foto de um Rio distante,
No frescor da boca, o medo é a marca restante!
Onde existia esperança da superação,
O arqueólogo encontra só poeira na escavação!

As fantasias mundanas venceram a nudez da verdade,
Na bagagem apenas teu sorriso em momentos de sinceridade!
Parto desolado, sem querer mais ninguém,
A tua verdade te consola, te basta, sem precisar de alguém!

São Luís 07 de Janeiro de 2007.




quarta-feira, 23 de maio de 2012

CORAÇÃO PARTIDO

FOTO: Adriana Bastos
EDIÇÃO: Miguel Veiga




CORAÇÃO PARTIDO 
                                Miguel Veiga
  
O coração que se parte por desilusão,
Fica em pedaços igual a Joia quebrada,
Conserto difícil,
É uma peça muito delicada!


Pois o amor o lapida como 
O mais fino brilhante, 
Belo de ver, belo de sentir,
Peça rara de ser encontrada em caminhos errantes!


Feito como cristal
Quebrado ao chão, 
Cacos de brilhos dispersos
Os tempos na memória soprarão!


Quando Zéfiro mover as nuvens,
As águas límpidas brotarem no ribeirão,
Outros cristais serão lapidados 
Outras joias renascerão!


Quem sabe... Amanhã!

terça-feira, 8 de maio de 2012

RAÍZES DE AREIA



RAÍZES DE AREIA (Miguel Veiga)

A nudez da pele alva,
Rubra de pudor,
Contrastava com o emaranhado das raízes,
Que rompiam das dunas transformadas em resplendor!

Mangues generosos,
Transformados em pedestal,
Realçavam o corpo no azul
Apolíneo e dionisíaco travaram luta ancestral!

Delírio para os olhos
Combustível para paixão,
Eternizar o momento
Alimentou a libido e a razão!

Foi providencial a sublimação
Na conservação da beleza,
Imagens belas e sensuais
Consolam momentos de solidão!

(Para um amigo com carinho)


domingo, 6 de maio de 2012

BANQUETE PARA A ALMA


       Cupido e Psique - Jacques Louis David - 1817


BANQUETE PARA A ALMA 

Grande mesa posta, onírica,
Linda!
Entradas de pequenos afetos,
Ao molho de carícias,
Delícias!

Guarnições e pratos secundários recheados...
Com belos sonhos para um futuro consistente,
Apetitosos!

Prato principal, o Amor recheado de repetições...
Te amo, Te amo, Te amo, Te amo!
Repetidas vezes com banalidade,
Frugal degustação!

Sobremesa em louças finas,
De bem casados em caldas de ilusão,
Pura satisfação!

Convidado confirmado, presente ausente,
Perfeito na imaginação, dono do coração,
Mensagem de desilusão turva a magia da satisfação,
Vazio latente!

O tempo, senhor dos efêmeros,
Arrebata onírico desfazendo tudo no ar!
Faminta a ilusão resta chorar,
Fim de festa!

Tudo acabado,
Ilusão quebrada, em cacos a chorar!
Ferido coração a soluçar,
Lágrimas da decepção!

Nada existiu nem compartilhado,
Banquete de sonhos desfeito,
Sozinha agora soluça dentro do peito,
Alma solitária!

Enxugado o mar pelos olhos derramado,
Haverá um sonhador a alma agradar,
Novo banquete há de preparar,
Tempo e onírico podem festejar!
(Miguel Veiga)

O Rapto de Psique por Cupido
William Adolphe Bouguereau



terça-feira, 1 de maio de 2012

ÍCARO




"ÍCARO”
Às vezes, igual ao Ícaro
Não desisto,
 
Alço voo!
De novo, novo, de novo!
Já tinha dito
Nunca mais voar!
Traio a experiência!
E de novo, mergulho no amor.
Agora, igual ao mito, a cera derretida
Escorre em meu rosto em uma lágrima perdida.
Efêmera investida me arrebata ao sal de um outro mar,
E de forma onírica também o voo acabou,
A ilusão derretida em gotas de solidão,
É tudo que restou!
Miguel Veiga.