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domingo, 26 de agosto de 2012

PELOURINHO NOSSO DE CADA DIA


Foto do Largo do Carmo - Livro do Centenário da
Academia Maranhense de Letras - 2009
No Largo do Carmo existiu o pelourinho, “uma coluna de mármore, alta de uns doze metros, trabalhada em feixes espiralados e partidos da base quadrilonga até ao capitel. Sobre este se encontrava o aparelho punitivo” onde os negros eram punidos e expostos aos que passavam como presenciados por Odorico Mendes. 
Segundo Antonio Henriques Leal (1828-1885), foi esse pelourinho (no supliciamento de um jovem escravo), o mote inspirador do primeiro soneto do nosso helenista Odorico Mendes (1799-1864), quando ainda adolescente (aos 16 anos). 

Primeiro soneto do nosso helenista Odorico Mendes (1799-1864)
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Despido, em praça pública, amarrado 
Jaz o mísero escravo delinquente,
Negro gigante de ânimo inclemente.
Na mão tem o azorrague levantado.
 A rir em torno, um bando encarniçado
 Ao verdugo promete um bom presente, 
Se com o braço mais duro ao padecente
Rasgando for o corpo ensanguentado.
 Homens, não vos assiste a menor pena 
Dos sentidos seus ais, d’angústia sua?
 Rides, perversos, desta horrível cena!…
 A sua obrigação, oh gente crua,
 Faz o reto juiz quando condena;
 Tu, deplorando o réu, cumpres a tua.

Fonte: blog.jornalpequeno.com.br/dinacycorrea


PELOURINHO NOSSO DE CADA DIA
Hoje os pelourinhos ainda existem,
De maneira conceitual, alguns invisíveis e outros não,
São discriminações com os negros, índios, pobres, homossexuais, etc...
A desigualdade econômica que nos castigam diariamente,
Através da violência dos assaltos, mortes e impunidade.
O Pelourinho, herança de uma sociedade,
Capitalista, escravagista, preconceituosa,
Invisível aos olhos, sensível a pele e a alma...
Memória inesquecível para quem quer comemorar 400 anos,
Além das belezas dos portais e ornatos de porcelanas importadas.
Celebremos também a história que vai além dos valores arquitetônicos,
Que é a de um povo resistente,
Involuntário na pobreza, ingênuo no senso comum, 
Acalenta sua dor na louvação de uma ilha,
Onde a esperança de dias melhores brota de encantarias,
A magia é mantida pela ingenuidade, 
E na humildade do senso comum,
A liberdade é poder sonhar!

sábado, 25 de agosto de 2012

"DIGA MEU BEM!"



"DIGA MEU  BEM!"
Imagem do paradoxo social
Sociedade que discrimina quem não tem
A pobreza torna-se vergonha daqueles que a tem,
Mais do que a pilhéria do capital, grita o social!
Em céu aberto o shopping da disparidade,
O rosto esperançoso estampa o sorriso 
E pelos lábios rachados e falhos dentes
Escapa "Diga meu bem"!

AMBIGUIDADE








Janela de prédio colonial na Rua Godofredo Viana
esquina com Rua da Paz



AMBIGUIDADE
O Tempo passa e leva consigo a história não cultivada, 
A fotografia ajuda a lembrança quando a memória falha,
A janela espelha a realidade escondida por falsos valores,
A roda da fortuna deixa marcas do fausto em realidades díspares!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MEMÓRIAS


MEMÓRIAS  
O Tempo passa e leva consigo a história não cultivada 
A fotografia ajuda a lembrança quando a memória falha
A roda da fortuna deixa marcas do fausto em realidades díspares 
Traçando ácido paradoxo econômico
Que ficará registrado pelos contrastes sociais
Ocultos pela história capital do vencedor!


domingo, 12 de agosto de 2012



SAUDADES

Em mim a preguiça do rio
Desliza caudalosamente
Desfazendo dunas oníricas,
Apertando o nó da garganta lentamente!

A voadeira bate o rosto em tapas de brisas,
Sacudindo na mente a saudade que insiste em ficar,
O sol derramado sobre a água lembra Munch,
Num grito infinito como a água que corre para o mar!

Agora a noite cobre o devaneio
Acalentando com seu manto
A lágrima sufocada que não veio
Transformando o amor em soluços,
Quase um pranto!

Restou a saudade de algo, sem nome, efêmero.
Talvez o voo acima da solidão,
Buscando felicidade!
Sobrou o vazio inexplicável,
Fruto do abismo da incerteza do amar e a ilusão.

(Miguel Veiga)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O TEMPO



O TEMPO – Miguel Veiga
O tempo resseca a pele brotando rugas no lugar do viço,
Do passado apenas a memória que ao poucos desbotam como as fotos antigas...
Os brilhos nos olhos lentamente apagam como a aurora...

Felicidades são sopros vindos com a generosidade de Zéfiro de algum oeste da memória...
A riqueza transforma-se em lembranças vividas, choradas em lágrimas de sal...
O abandono é fruto do descaso com a memória,
 Deixando feridas sangrando em poeiras de cal!

Nos becos, esquinas silenciosas que caem aos pedaços de uma riqueza distante,
No paradoxo surreal a cidade agora se assemelha aos filhos
Pobres e esquecidos tomam conta do presente na realidade ambígua...
De miséria, esquecimento, sangue e cal!